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Conforto ambiental: afinal, o que é isso?

Por Arq. Dra. Daniela Cardoso Laudares Pereira


O que é conforto ambiental?

Como alcançar esse conforto?


O conforto ambiental está intimamente ligado às sensações e emoções que vivenciamos nos espaços. Temos sensação de frio e calor, sofremos com o ruído e a luz em demasia, e até sentimos as emoções que os ambientes nos transmitem.


A relação estabelecida entre o homem e o meio ambiente que o circunda irá propiciar estímulos em relação à luz, ao som, ao calor, ao uso do espaço. Esses estímulos provocam sensações nos usuários, que são respostas fisiológicas aos estímulos ambientais recebidos.


Quanto menor o esforço de adaptação de um indivíduo, maior será a sua sensação de conforto. Para exemplificar este esforço de adaptação podemos considerar que uma pessoa em atividade laborativa na qual é necessário ler e escrever, necessita de determinada quantidade de luz e boa distribuição da luz, assim como a ausência de ofuscamento para a realização desta atividade. Quanto menor esforço o olho fizer para se adaptar às condições ambientais, melhores serão as condições proporcionadas por aquele ambiente e mais confortável neste quesito este será.


Esse é o primeiro nível para avaliarmos o que é conforto ambiental. Refere-se à resposta fisiológica dos usuários em relação aos estímulos ambientais, que são físicos, objetivos e quantificáveis.


Para cada área do conforto ambiental teremos, em um determinado ambiente, diferentes estímulos ambientais. Esses podem ser medidos através de instrumentos adequados, como por exemplo: quantidade e qualidade de luz, nível de ruído de fundo, as frequências desse ruído, sua distribuição e propagação, temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do ar no ambiente, entre outros.


Schmid (2005) defende que a nossa percepção do espaço não está ligada apenas às sensações fisiológicas, mas também às psicológicas, que são resultado das memórias e experiências anteriores vivenciadas, e assim despertadas interiormente nessa conexão com os ambientes construídos. Os nossos cinco sentidos, olfato, tato, audição e visão, funcionam como uma ponte para essa conexão. Porém, não podemos deixar de mencionar que o cérebro faz parte deste processo, juntamente com os cinco sentidos, reforçando que a percepção dos usuários passa por um processo de interpretação de significado realizada por cada indivíduo.


Para alcançar o conforto ambiental em um edifício é necessário o atendimento às exigências humanas de conforto térmico, luminoso, acústico e ergonômico.


Por exemplo, exigências de conforto térmico visam limitar as sensações desagradáveis provocadas pela perda ou ganho de calor pelo corpo, de forma a desequilibrar a nossa temperatura interna, que deve se estabelecer em torno de 37°C.


As condições de conforto térmico estão relacionadas com as condições do entorno, a atividade desenvolvida pela pessoa e sua vestimenta. Todo o calor produzido em excesso deve ser eliminado e a perda de calor desnecessária deve ser evitada para a manutenção do equilíbrio interno.

As quatro principais variáveis do clima que interferem no conforto térmico humano são: temperatura do ar, radiação solar, umidade relativa do ar, velocidade do ar e nebulosidade.


O conforto térmico pode ser definido como um estado em que o indivíduo não tem vontade de mudar sua interação térmica com o meio. Essa definição está relacionada com o conceito de comodidade (ausência da dor). Considerando o conceito de expressividade em relação ao conforto térmico pode-se afirmar que ele não é somente necessário, mas também motivo de prazer, afeto e referências simbólicas na arquitetura. A nossa experiência do espaço é amplamente influenciada pelas qualidades térmicas: quente, frio úmido, arejado, radiante, aconchegante, influenciando as nossas escolhas sobre o que fazer no espaço, assim como as sensações despertadas pelo mesmo (SCHMID, 2005).


as necessidades humanas em relação à luz estão vinculadas não só à manutenção da saúde, mas também à visão nítida de objetos, e pressupõe que a pessoa possa exercer suas atividades de modo eficaz, sem que haja fadiga dos órgãos oculares. A visão permite avaliar distâncias, distinguir formas, cores e volumes com precisão.


A inadequada iluminação, com a ausência de conforto, traz fadiga e desgaste dos órgãos visuais, reduz a acuidade visual e pode causar acidentes e erros de trabalho, além de cefaleia, irritabilidade ocular e a consequente diminuição da atividade produtiva.


O conforto visual está relacionado ao nível de esforço de adaptação do usuário que, quanto menor, maior será a sua sensação de conforto. Esse esforço de adaptação refere-se, do ponto de vista fisiológico, às condições específicas para realizarmos determinadas tarefas. No caso de atividades que tenham muitos detalhes e que necessitem rapidez para a sua execução, níveis mais altos de iluminação são requeridos. Caso isso não ocorra o usuário realizará um esforço visual (VIANNA; GONÇALVES, 2001).


O desempenho luminoso satisfatório de um ambiente requer níveis mínimos de iluminação de acordo com a função desse espaço, além de aspectos da qualidade luminosa do ambiente.


No caso de atividades laborais podemos citar outras questões como boa a distribuição da luz e a ausência de contrastes excessivos, como a incidência do sol direta no plano de trabalho, o que pode causar ofuscamento e cansaço visual. O ofuscamento gera desconforto ou até mesmo reduz a habilidade de ver objetos. Esse é um aspecto importante no conforto visual, pois dificulta a realização de determinadas tarefas.


Além dos aspectos mencionados anteriormente, podemos ressaltar a importância da luz e da visão na expressividade da arquitetura ao revelar formas, cores, brilhos e sombras que são fundamentais para a nossa percepção sobre os espaços e os objetos.


Além de todos os fatores abordados, a luz tem um papel essencial na saúde, pois ela regula o sistema circadiano dos seres humanos, influenciando em aspectos químicos, biológicos e comportamentais (IESNA, 2011).

Em relação ao conforto acústico, podemos citar duas exigências humanas principais:

  1. Exigências que visam o bom condicionamento acústico dos ambientes, ou seja, a boa audição.

  2. Exigências relativas aos níveis sonoros máximos de fundo, considerando os valores aceitáveis para as diversas atividades desenvolvidas nos ambientes.


O uso adequado dos materiais com relação a sua absorção e reflexão é um aspecto chave para o bom condicionamento acústico, pois devemos equacionar o tempo ótimo de reverberação de acordo com a atividade desenvolvida, assim como a reflexão dos sons para a sua adequada distribuição pelo ambiente. Portanto, considerando-se o projeto, deve-se atentar para o uso adequado dos materiais, a forma e a dimensão do local.


Quando falamos em proporcionar níveis sonoros adequados devemos verificar a interferência de ruídos externos para a obtenção do correto isolamento acústico do ambiente.


em relação à ergonomia, vale pontuar que esta deve ser entendida de modo integrado e abrangente, considerando-se os aspectos físico, ambiental, psicológico e cultural. Essa disciplina serve como um elo estruturador entre o ambiente construído, o usuário e a percepção do espaço (MULFARTH, 2017).

As exigências humanas ao conforto ergonômico compreendem todas as questões citadas anteriormente (conforto térmico, conforto luminoso e acústico), pois essas fazem parte dos aspectos físico e ambiental da ergonomia.

Além dessas questões podemos citar outras duas exigências relacionadas à ergonomia:

  1. Exigência de funcionalidade e acessibilidade dos espaços. Para cumprir essa exigência deve-se considerar os dimensionamentos antropométricos relacionando-se as necessidades do homem ao meio que o circunda, assim como a adaptação dos espaços para permitir o uso de pessoas com necessidades especiais ou mobilidade reduzida.

  2. Exigências de conforto antropodinâmico, tendo-se como requisito a adaptação das pessoas aos dispositivos de manobra dos vários componentes do edifício (portas, janelas, registros, torneiras, equipamentos elétricos, etc). Menciona-se, também, o conforto ao caminhar e nos deslocamentos que incluem anteparos como rampas e escadas, devido às limitações na inclinação de rampas e nas dimensões de degraus de escadas.


Em suma, para a obtenção de conforto ambiental nos espaços construídos, a arquitetura deve atender às exigências humanas e funcionais, considerando as variáveis ambientais (radiação solar; temperatura, umidade relativa e velocidade do ar) de modo a proporcionar bem-estar físico e psicológico às pessoas.

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